Tudo isto disse Jesus, em parábolas, à multidão, e nada lhes dizia sem ser em parábolas. Desde modo cumpria-se o que fora anunciado pelo profeta: abrirei a
minha boca em parábolas e proclamarei coisas ocultas
desde a criação do mundo (cf. Mateus 13, 34-35). Mais tarde, apesar de todos os esforços humano, um dos mais curiosos e impetuosos dos discípulos do Senhor, chamado Simão Pedro diz: Explica-nos está parábola. E Jesus ainda sois privados de
inteligência. Não entendeis esta parábola? E como entendereis todas as
outras parábolas? (cf. Mateus 15, 15; cf. Marcos
4, 13). Os doze
apelam pelo ensinamento das palavras de Jesus, o Messias e em Cristo confiam
que lhes revele com toda a grandeza a santidade do Reino de Deus. E uma vez ainda, pelo mesmo motivo os
repele, dizendo-lhes: Não reflitais e não compreendeis ainda! Tendes o coração endurecido? Tendo olhos não verdes? Acaso não tendes memória alguma? (cf. Marcos 8, 17-18). Ao que Jesus de Nazaré lhes deu a
conhecer no começo da sua pregação, aos seus primeiros ouvintes, aos seus primeiros
convertidos e aos seus primeiros discípulos, será como o mais novo e decisivo anuncio do Reino descrito no livro
Sagrado das Escrituras: Não sabeis
que tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos
digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos
com ele, anda dois mil. Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado. Tendes ouvido o que
foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: ama vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai
pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai
do céu, pois ele faz nascer o sol tanto
sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os
injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? (cf. Mateus 5, 38-46). Agora sabemos o primeiro motivo que
levaram muitos do povo eleito e amado que o escutavam a abandonarem a
Cristo e o seu Evangelho, foi certamente, por causa da dureza de coração dos seus primeiros seguidores. De modo, que tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga
de Cafarnaum. Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir? Sabem Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: isso vos escandaliza? Que será, quando virdes subir o Filho do homem para onde ele estava
antes?... O espírito é quem vivifica, a carne de nada
serve. As palavras que vos tenho dito são espirito e vida. Mas há alguns entre vós que não crêem... Pois desde o principio Jesus
sabia quais eram os que não criam e retiraram e já não andavam com ele (cf. João 6, 60-63; 66). Assim, pois se realizou no meio deles
aquelas palavras do salmista Davi: Mas
meu povo não ouviu a minha voz, Israel não quis saber de obedecer-me. Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos,
abandonei-os ao seu duro coração (cf. Salmo 80, 12-13). É por isso que digna de
ser acolhida por todos é a palavras do Senhor, pois é Dele é quem fala o apóstolo São Paulo: Sabemos que ninguém é justificado por observar a Lei de
Moisés, mas por crer em Jesus Cristo (cf. Gálatas 2, 16). Ou seja, por Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo (cf. João 1, 17). Mas foi
devido aos impiedosos costumes daquela época e contra
esta lei tão rigorosa, que dois dos seus discípulos, a estas alturas já indignados vendo isto, Tiago e João disseram: Senhor queres que digamos que desça o fogo do céu e os devoram? (cf.
Lucas 9, 54). E uma vez mais, o
Senhor Jesus, novamente se pôs a repreendê-los severamente, com palavras duras demais para serem
esquecidas: Quereis vós também retirar-vos? (cf. João 6, 67). Agora nada sabiam o que dizer, mas
tomando a palavra respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iriamos nós? Tu tens palavras de vida eterna. E
nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus! (cf. João 6, 68-69). De modo que Jesus na última noite, quando anuncia com toda
a clareza esta revelação aos seus eleitos para que estejam bem certos que o Filho do homem
está para ser entregue nas mãos dos pecadores, para ser morto e ressuscitar ao terceiro dia (cf. Mateus 20, 19). Dito isso, com certeza os discípulos que escolheu logo saberão que não os abandoneis, de tal
forma que em breve ao terceiro dia ressuscitaria glorioso, vencedor do pecado e da morte, conforme a nova
que do Senhor tinha
ouvido dizer: Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós. Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo
e vós vivereis. Naquele dia conhecereis
que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize! Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do
Pai, porque o Pai é maior do que eu. E disse-vos agora
estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais, quando
acontecerem (cf. João 14, 18-20; 27-29). Ainda que o tivesse desejado, nenhum
deles pode evitar, pois nem sequer podem suportar de modo a viver de perto, uma total entrega da própria vontade,
proposta por Jesus na cruz, para agradar unicamente ao seu Deus e só a Cristo obedecer, quem assim deseja entrar pela única porta, que é estreita e
que os conduzirá um dia a glória do Reino no alto dos Céus. Mas antes, Jesus afirma: Se alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser
salvar a sua vida vai perdê-la, mas quem perder a sua vida por
minha causa e pelo evangelho vai salva-la (cf. Marcos 8, 34-35; cf. Mateus 16,
24-25). E Jesus
disse-lhes ainda: Se alguém vem ter comigo e não aborrecer a seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo. Assim, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo (cf. Lucas 14, 26. 33). Na verdade, não era a
primeira vez que Simão, filho de Jonas, se mostrava inferior aos acontecimentos. Mesmo depois da sua grande confissão e de seu notável juramento, como ele
mesmo já teria
testemunhado com
estas palavras: Senhor estou pronto a ir contigo tanto para
a prisão como para a morte. Mesmo que fosses
para todos um motivo de desfalecimento, não te renegareis jamais. E ao ouvir isto, replicou Jesus: Pedro digo-te eu, nesta noite, antes do canto do galo, três vezes me negarás (cf. Lucas 22, 33-34). Quando chegado a hora, de provar a sua coragem e a sua
lealdade, o discípulo de Jesus, receoso de ser
reconhecido e apontado como um deles, diante daqueles olhos fanáticos, acabou por sua covardia negando ao Senhor por três vezes naquela noite,
para o divertimento dos Judeus. E Pedro diz: Não conheço esse homem de quem falais (cf. Marcos
14, 66-72). Ainda um
outro chamado Judas Iscariotes, após receber o pedaço de pão, entrou nele satanás. E disse-lhe então Jesus: O que tens a fazer, faze-o
depressa sem demora (cf. João 13, 27). O amigo infiel, trama agora como um
criminoso qualquer à morte do melhor dos amigos, o
enviado de Deus: Judas Iscariotes, um
dos Dozes, foi avistar-se com os sumos-sacerdotes para lhes entregar Jesus. A
esta notícia, eles alegraram-se e prometeram
dar-lhe dinheiro. E ele buscava ocasião oportuna para o entregar (cf. Marcos 14, 10-11). O preço combinado
pela traição foi pago, pelas mãos dos anciões as trintas moedas de prata (cf.
Mateus 27, 3). A
entrega estava combinada para esta noite, e os príncipes dos
sacerdotes e os anciões do povo, não querem mais esperar, resta agora o sinal manifesto do
traidor e Judas já tinha tudo preparado. O traidor combina com eles este sinal:
Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o! (cf. Mateus 26, 48). Pouco tempo depois, ao cair da noite,
Jesus esteve no Horto das Oliveiras, apenas na companhia dos seus discípulos, foi lá que o Senhor experimentou na própria carne, a amargura de ser casado, incriminado e foi contado entre os malfeitores (cf. Isaias 53, 12; cf. Lucas 22, 37). Foi após o último beijo da traição, que então perguntou-lhe
Jesus: Judas, com um beijo trais o Filho do homem (cf. Lucas 22, 47-53). Estando Judas já sob o peso da
própria dor e do remorso da própria culpa, e
tendo se tornado tão odioso e também tão desprezível à vista de todos, o evangelista é quem nos diz que ele,
atirando para o Templo as trintas moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar
(cf. Mateus 27, 5). Como se não o basta-se, Jesus não chegará ainda ao fim da sua maior agonia e crueldade, no momento da
sua morte, também teve que sofrer e suportar agora o
abandono dos seus discípulos lá no alto da cruz
do Calvário. Então os seus discípulos, abandonando-o, fugiram todos
(cf. Marcos 14, 50). De fato, nenhum deles jamais esteve
disposto a arriscarem as suas próprias vidas
por amor ao Reino de Deus. E assim, todos os
conhecidos de Jesus ficaram à distância (cf. Lucas 23, 49). Antes mesmo que a morte de Cristo fosse vencida, eis que em Jerusalém desencadeou-se de modo violento e covarde a perseguição aos discípulos do Senhor crucificado. Diante
do tumulto e da indignação dos Judeus, os discípulos se sentem indefesos. Ameaçados de
castigo e até de morte, logo fogem apavorados para
bem longe dos carrascos e dos soldados. E os encontramos, sem forças e de faces tristes, na casa onde se escondiam de portas
fechadas para escapar pouco tempo depois com medo da tortura e da morte dos
seus perseguidores: Estando fechadas as
portas da casa onde os discípulos se achavam juntos com medo dos
Judeus (cf. João 20, 19). Foi então que por
causa da perda da pessoa divina de Jesus, que
todos eles deixaram ainda de acreditar tão fortemente
em tudo aquilo que ouviram a respeito da sua dolorosa morte e gloriosa
ressurreição, conforme a promessa que Deus fez aos antepassados, ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus (cf. At. dos Apóstolos 13, 33).
Naquela ocasião os discípulos se sentem consolados, mas não de tudo convencidos, por que lhes chegam aos ouvidos às palavras emocionadas de Maria Madalena que tendo voltado do
sepulcro exaltada, foi dar a boa nova
aos discípulos: Vi o Senhor! Contando tudo o
que Jesus lhe dissera (cf. João 20, 18). Os onze estavam todos profundamente
abalados pelo escândalo do calvário e de forma alguma não querem ser
enganados. O que as santas e piedosas mulheres haviam dito, na manhã de domingo, era inteiramente verdade e são testemunhas vivas, assim como tem revelado toda a doutrina
dos evangelhos e dos apóstolos: Deus ressuscitou a Jesus, libertando-o das angustias da morte (cf. At. dos Apóstolos 2, 24; 13, 30). Todos estão agora adormecidos e já não tem conhecimento algum a respeito da escolha que o próprio Senhor fez que define de forma exclusiva e definitiva
suas vocações que receberam da própria pessoa de Cristo: Seguir-me, e
eu farei de vós pescadores de homens (cf. Marcos 1, 17). De fato, eles precisavam receber
ajuda algo que viesse iluminar a pouca fé deles e
esclarecer-lhes todas suas dúvidas, pois como nos conta as
Escrituras: Todas estas desgraças lhes aconteciam em figuras (cf. I
Coríntios 10, 11). Mais tarde, porém, ao entrar naquela casa, o Senhor fez a salvação morada daqueles homens ao dizer: Hoje, chegou à salvação para esta casa (cf. Lucas 19, 9). E o Senhor os encontra, como que
desesperados, comove até o seu coração de compaixão. De repente, um novo terror os
assalta o crucificado aparece no meio deles e disse-lhes: A paz seja convosco! (cf. João 20, 26). Ao ver o Senhor novamente vivo e gloriosamente
ressuscitado, os discípulos ficaram senão como que perturbados
e espantados pensaram estar vendo um espirito. Mas ele lhes disse: Por que
estais perturbados e por que essas dúvidas nos vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espirito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho. E, dizendo isso,
mostrou-lhes as mãos e os pés (cf. Lucas 24, 37-40). Antes de partir, Jesus os adverte
pessoalmente a cada um em seus corações a respeito
da necessidade de se instruírem no mistério da fé e não pela visão da sua aparição. A aparição de Jesus ressuscitado, em geral, tivera como finalidade, não de impressionar seus corações, senão de despertar a fé deles, levar
seus seguidores a conversão, chamar novamente Tomé e companhia à fidelidade a Deus e a compreensão do mistério da sua morte e de sua ressurreição. Quando estavam
sentados à mesa, e censuro-lhes a incredulidade
e dureza de coração, por não acreditarem nos que tinham visto ressuscitado (cf. Marcos 16, 14). Pode ver-se então, que Tomé nestas loucas saídas repentinas
abandona a casa. Não compartilhava, como antes, da vida
comum dos outros discípulos. Até chegado à última hora,
mesmo que condição particular o obrigue à ausência, Tomé, porém, devia voltar para aquela mesma
casa para aquela mesma miséria. O infeliz chega tarde, em vão baterá a porta, pois, não mais o Senhor estava no meio deles: Porém, Tomé um dos doze chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus
(cf. João 20, 24). Estavam todos reunidos, apenas Tomé não pode ver nem sentir como seus
companheiros têm visto e sentido a forte presença do Senhor vivo de novo e novamente ressuscitado no meio
deles. E assim disseram-lhe, pois os
outros discípulos: nos vimos o Senhor (cf. João 20, 25). Ao ouvir-lhes Tomé não se rende as
suas palavras, senão que antes enquanto não puder apalpar tua carne e tocar teus ferimentos abertos, definitivamente, até o fim
recusa-se a tudo crer sem o merecimento do testemunho dos próprios olhos e a sua resposta agora é vergonhosa: Se não ver suas mãos a abertura dos cravos e não puser o meu dedo no lugar dos
cravos, e não puser a minha mão no seu lado, não creio (cf. João 20, 25). Finalmente ali estava Tomé, um dos seus escolhidos, o único discípulo que faltava no momento da primeira aparição do Senhor. Tendo se passado oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando às portas fechadas, pôs-se no meio e disse: a paz seja convosco, em seguida disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, vê as minhas mãos aproxima também a tua mão, põe-na no meu lado; e não seja incrédulo, mas fiel (cf. João 20, 26-27). Encorajado Tomé por Jesus, agora aperta o seu dedo nas mãos e no costado aberto do Senhor enquanto ali estava com a
sua carne viva e ressuscitada. E olhando tão vivamente os
teus pés desnudos conservando ainda os sinais dos cravos que tanto
fez sofrer dores atrozes durante a tua dolorosa paixão e sangrenta crucificação, não teve dúvidas, julgou oportuno, mesmo sendo
tomado por incrédulo, Tomé amado por Deus, já não ousava duvidar como tem feito antes
da vitoriosa ressurreição de Jesus. Então ao que ele respondeu:
Senhor meu e meu Deus! Eu creio, mas aumentai a minha fé (cf. João 20, 28). Em seguida o Senhor os adverte de
modo que já não há mais razão para duvidar, pois tudo agora tem
sido revelado para que os homens de fé na
verdade possa encontrar a salvação. Neste sentido, disse Jesus: Tu crestes Tomé, porque me viste; bem aventurados os
que não viram e creram (cf. João 20, 24-29). Como prova, São João da Cruz nos dá a entender, de modo eloquente, a razão pela qual a alma que deseja revelações, coloca-se numa disposição muito contrária à fé e atrai muitas tentações e perigos (A Subida do Monte Carmelo, Liv. II, Cap. 10). Além do mais, para que Pedro, com os outros discípulos não venham cair, dadas suas fraquezas,
em tudo aquilo que a Lei de Deus proíbe a fé cristã como sendo um contrário testemunho deixado
por parte de Cristo que
agora invoca em particular sobre cada um deles a inspiração do Espírito Santo e os instrui com
autoridade a
levar desde agora, uma vida digna a serviço do Evangelho. Visto que Ele disse-lhes novamente: A paz seja convosco. Assim como o Pai me
enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o
Espirito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados,
serão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, serão retidos (cf. João 20, 21-23). Chegado à última hora, antes de despedir aos
seus na dura missão que lhes foram confiada desde o
principio, de
modo que seguindo seu apelo
divino, possam assim torna-se, portanto,
anunciadores da Boa Nova do Reino
que se revela pelo próprio Jesus no envio: Ide por todo mundo inteiro e
pregai o Evangelho a toda criatura (cf. Marcos 16, 15). Além disso, com que modo deve ser feito a preparação para receberem o
Evangelho de Cristo. Como vimos o Senhor Deus se aproximou deles, sentou-se a mesa posta e durante a refeição comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem ai o cumprimento da promessa de seu Pai, que
ouviste, disse ele, da minha boca; porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espirito Santo
daqui a poucos dias e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo (cf. At. dos Apóstolos 1, 4-5; 8). Cabe agora lembrarmos aqui que
naquela ocasião os príncipes dos
sacerdotes e os anciões do povo, para abafar em toda a Judéia tantas vezes os boatos das aparições do Ressuscitado, já haviam
comprado a bom preço alguns guardas da cidade, agora
estes acusam como falsas testemunhas os próprios discípulos do Senhor de terem roubado, à noite, o corpo de Jesus e em seguida teriam inventado e
espalhado em todas as suas sinagogas, ruas e praças públicas à notícia do
sepulcro vazio e do mito da ressurreição: Alguns homens da guarda já estavam na cidade para anunciar o acontecido aos príncipes dos sacerdotes. Reuniram-se estes em conselho com os anciões. Deram aos soldados uma importante soma de dinheiro, ordenando-lhes: Vós direis que seus discípulos vieram retirá-lo à noite, enquanto dormíeis. Se o governador vier a sabe-lo, nós o acalmaremos e vos tiraremos de
dificuldades. Os soldados receberam o dinheiro e seguiram suas instruções. E esta versão é ainda hoje espalhada entre os judeus
(cf. Mateus 28, 11-15).